Pesquisadores ensinaram uma rede neural de Inteligência Artificial a restaurar a obra A Ronda Noturna, conhecida como Magnum Opus, de Rembrandt van Rijn, para completar as partes que faltavam da obra original.
O cientista Robert Erdmann trabalhou lado a lado com o Rijksmuseum, o museu nacional dos Países Baixos, em Amesterdão, para recriar partes perdidas do mais famoso quadro de Rembrandt, “A Ronda Noturna”, usando Inteligência Artificial (IA).
Pintada em 1642, esta obra tem sensivelmente 3,6 metros de comprimento por 4,3 metros de largura. Embora seja grande, já chegou a ser maior.
Quando, em 1715, os burocratas da Câmara Municipal de Amesterdão tomaram posse dele, cortaram as quatro bordas do quadro para que coubesse na parede do edifício.
As partes perdidas de “A Ronda Noturna” nunca foram recuperadas, mas sabemos como eram graças a Gerrit Lundens, um contemporâneo de Rembrandt que copiou a pintura quando ela foi concluída.
Como parte da “Operação Night Watch”, uma missão de restauração multimilionária, o Rijksmuseum começou a recriar essas partes que faltavam no quadro para mostrar aos visitantes como Rembrandt originalmente construiu a pintura.
Usar a recriação de Gerrit Ludens era uma opção, mas essa alternativa não agradou a Erdmann e companhia. “Não há nada de errado em usar um artista assim. No entanto, o produto final ainda teria traços do próprio estilo daquele artista”, explicou o investigador.
Dito isto, Erdmann entendeu que a única solução seria usar Inteligência Artificial para transformar a cópia de Ludens num Rembrandt “original”, conta o Big Think.
Primeiro, os investigadores começaram por criar uma rede neural que conseguisse identificar os elementos correspondentes em ambas as versões da obra. Depois, fizeram uma segunda rede neural que esticasse, girasse, encurtasse, comprimisse e descomprimisse a cópia de Lundens para que as suas medidas correspondessem o mais possível ao original de Rembrandt.
Para ensinar a Inteligência Artificial, esta recebeu blocos aleatórios da cópia de Lundens e pediu para renderizar os blocos no estilo de Rembrandt. Uma espécie de teste às suas capacidades.
E assim como um teste, Erdmann avaliou os esforços da IA com uma nota correspondente. Quanto mais próxima a sua reprodução correspondesse ao conteúdo de “A Ronda Noturna” original, maior seria a nota que recebia.
Em menos de um dia, a margem de erro entre a IA e o Rembrandt real ficou tão pequena que se tornou insignificante. O treino estava completo.
A IA desenvolveu uma larga compreensão do que fez Rembrandt ser Rembrandt. Ao traduzir a cópia de Lundens, usou uma paleta de cores menos saturada e pinceladas mais grossas. Até adotou o uso característico do pintor do chiaroscuro — uma técnica que envolve contrastes nítidos entre luz e sombra.
As peças que faltavam, ressuscitadas por IA, foram impressas em tela e envernizadas para que tivessem um brilho semelhante ao resto da pintura. Et voilà! Eis que renasce o verdadeiro “A Ronda da Noite de Rembrandt”, numa colaboração entre homem e máquina.