No mundo dos jogos eletrônicos, poucos nomes carregam tanto peso quanto Neil Druckmann. Como diretor criativo da Naughty Dog e mente por trás de obras-primas como The Last of Us , ele é frequentemente visto como um gênio da narrativa interativa. No entanto, apesar de seu sucesso inegável, Druckmann revelou algo surpreendente em uma recente participação no DICE Summit: sua falta de confiança no planejamento de sequências.
Durante uma conversa com Cory Barlog, diretor de God of War , os dois discutiram temas profundos, incluindo a dúvida constante que permeia suas mentes criativas. Para Druckmann, essa incerteza se manifesta de forma específica quando o assunto é pensar em continuações para seus projetos. Ele não apenas evita planejar sequências antecipadamente, como também considera tal prática quase supersticiosa, como se estivesse “dando azar” ao destino de suas criações.
Druckmann compartilhou que seu processo criativo está profundamente enraizado no presente. Para ele, cada projeto deve ser tratado como uma obra completa, sem espaço para guardar ideias para o futuro. “O jogo diante de nós é tão absorvente”, afirmou ele durante o painel. Essa abordagem reflete sua filosofia de que tentar prever ou planejar uma sequência antes de concluir o trabalho atual é arriscado e contraproducente.
The Last of Us Part II
Ele explicou que, enquanto trabalhava em The Last of Us Part II , ocasionalmente surgiam pensamentos sobre possíveis direções para um terceiro jogo. No entanto, essas ideias eram rapidamente descartadas, pois ele prefere focar no material à sua frente. “E se eu nunca puder fazer outro?”, questionou-se. Essa mentalidade o impulsiona a entregar tudo o que tem no momento, sem reservas.
A Exceção: O Programa de TV The Last of Us
Embora Druckmann adote essa postura rigorosa no desenvolvimento de jogos, ele reconhece que o programa de TV The Last of Us é uma exceção. Com múltiplas temporadas garantidas, ele já sabe que há espaço para explorar novas histórias e personagens ao longo do tempo. Mesmo assim, sua abordagem permanece consistente: ele busca resolver os elementos pendentes de cada temporada antes de avançar para a próxima.
O Papel da Incerteza na Criação de Histórias
Ao longo da conversa, Druckmann destacou que a incerteza é uma parte inevitável do processo criativo. Ele admitiu que, mesmo após anos de experiência e aclamação crítica, ainda lida com dúvidas sobre si mesmo como criador. Essa vulnerabilidade, no entanto, não é vista como uma fraqueza, mas sim como uma força motriz que o mantém conectado às suas histórias e personagens.
Para ele, o verdadeiro desafio está em equilibrar essa incerteza com a necessidade de criar algo significativo. Quando surge a oportunidade de desenvolver uma sequência, ele olha para o que já foi feito e questiona: “Quais elementos ainda não foram resolvidos? Para onde os personagens podem ir?” Se a resposta for que eles não têm mais lugar para evoluir, ele não hesita em encerrar suas jornadas. “Se eles não podem ir a lugar algum, então vamos matá-los”, brincou ele.
A filosofia de Neil Druckmann sobre sequências reflete uma visão madura e autêntica do processo criativo. Em vez de buscar controle absoluto sobre o futuro, ele escolhe abraçar a incerteza e focar no presente. Essa abordagem não apenas moldou algumas das narrativas mais impactantes da indústria dos jogos, como também serve como inspiração para outros criadores.
Para Druckmann, a chave para o sucesso está em aceitar que nem sempre é possível prever o que virá a seguir. E talvez seja exatamente essa aceitação que permita que suas histórias continuem tocando corações ao redor do mundo.
