The Astronaut (2025) surge como uma nova proposta que mescla o terror psicológico com os clássicos dilemas da ficção científica. Dirigido por Jess Varley — conhecida por seu trabalho anterior em Fobias —, o filme apresenta uma narrativa aparentemente simples, mas carregada de simbolismos e tensões que ressoam profundamente com as inquietações humanas diante do cosmos.
A trama gira em torno de Sam Walker (Kate Mara), uma astronauta que retorna à Terra após sua primeira missão espacial, não em glória, mas em desespero: sua cápsula é encontrada perfurada no oceano Atlântico, e ela é a única sobrevivente. Imediatamente colocada em quarentena sob a supervisão rigorosa do General William Harris (Laurence Fishburne), Sam começa a vivenciar eventos perturbadores que a levam a questionar se não trouxe consigo algo — ou alguém — das profundezas do espaço.
A premissa de The Astronaut (2025) evoca lembranças de clássicos como Alien (1979) e Event Horizon (1997), mas com uma abordagem mais intimista, centrada na fragilidade psicológica da protagonista.
O que torna The Astronaut particularmente interessante é a forma como Varley utiliza o espaço não apenas como cenário, mas como metáfora. O universo, vasto e silencioso, representa o desconhecido absoluto — e, ao mesmo tempo, o espelho das próprias sombras humanas.
A entidade extraterrestre que Sam acredita ter seguido até a Terra pode ser interpretada de múltiplas maneiras: como uma ameaça real, como uma alucinação decorrente do trauma espacial ou, ainda, como uma manifestação simbólica do medo de não pertencer mais ao planeta natal após ter tocado o infinito. Essa ambiguidade é um dos grandes trunfos do roteiro, pois mantém o espectador em constante dúvida sobre o que é real e o que é projeção mental.
A escolha do elenco, Kate Mara já conhecida por papéis como em House of Cards e Perdido em Marte, entrega uma performance intensa, capaz de transmitir medo, dúvida e determinação sem recorrer a exageros. Laurence Fishburne, por sua vez, traz autoridade e complexidade ao General Harris, cuja postura rígida esconde possivelmente motivações além da segurança nacional — talvez até um conflito ético entre proteger a humanidade e compreender o inexplicável. Gabriel Luna, como Mark, parece ocupar um papel intermediário entre a burocracia militar e a empatia humana, funcionando como possível aliado ou obstáculo para Sam.


Produzido por Brad Fuller — nome por trás de franquias como Um Lugar Silencioso —, o filme herda uma estética de suspense controlado, onde o silêncio e os espaços vazios são tão ameaçadores quanto qualquer criatura alienígena.
A crítica de Meagan Navarro, feita durante o festival SXSW, destaca justamente esse equilíbrio: “É um thriller de ficção científica sólido e bem elaborado que cai com força justamente quando começa a realmente decolar”. Essa observação sugere que o filme atinge seu ápice quando abandona as convenções iniciais e mergulha na zona cinzenta entre ciência e loucura, entre proteção e perseguição.
Com estreia marcada para 17 de outubro de 2025, The Astronaut promete ser mais do que um simples filme de terror espacial: é um convite para refletir sobre os limites da exploração humana, os riscos do contato com o outro e o preço que se paga por olhar além do horizonte conhecido.
