Atualmente um movimento chamado “cancelamento” tem sido muito aplicado em pessoas que não se alinham a alguma ideologia ou comportamento (redes sociais, cinema, novelas), onde, em vários casos, o(a) cancelado(a) nem tem a chance de se defender ou se justificar, tendo sua reputação maculada.
Agora esse movimento também está chegando ao universo dos desenhos animados. O cancelamento já atingiu vários personagens pois não se enquadrarem ao tempo atual, destoando da época em que foram criados. Um dos recentes foi o Ligeirinho, Speedy González, associando-o a um esteriótipo de mexicano como preguiçoso (?).
Agora o cancelamento atual alcançou o personagem clássico dos Looney Tunes, Pepe Le Pew (Pepe e Penélope).
O personagem foi cortado do próximo filme da Warner Bros., Space Jam: Um Novo Legado. O mais interessante é que a notícia veio depois que o colunista do New York Times Charles M. Blow chamou o personagem de desenho animado por adicionar à “cultura do estupro”.
Linda Jones, filha de Chuck Jones, criador de Pepe Le Pew
Pepe Le Pew foi criado pelo lendário animador Chuck Jones, e sua filha Linda Jones não está feliz com o cancelamento do personagem.
Em reportagem ao site TMZ, Linda Jones explica que o personagem nunca foi feito para ser interpretado como um personagem de estupro, mas “os tempos o alcançaram para fazer com que parecesse assim.“
Linda continua explicando que a brincadeira original com Pepe “nunca foi feita para ser predatória … era mais sobre o quanto ele fedia como pretendente, apesar de achar que era desejável“.
Ela admite que não parece bom para os padrões de hoje, mas insiste que as pessoas “que o assistiam nos anos 50, 60 e 70 NÃO pensavam nessa dinâmica como uma cultura normalizadora do estupro“.
Linda continua dizendo que seu pai, Chuck Jones, “era um cara superliberal e nunca quis machucar as pessoas”. Todo o objetivo e propósito do personagem era para ser “pura comédia“, e conclui que Pepe “nunca estuprou outro personagem do programa”.
Linda sugeriu ao estúdio uma reformulação da marca do personagem que capturasse “o espírito que seu pai pretendia“.
Ela diz que eles deveriam “escrevê-lo como um eterno candidato a emprego que continua sendo rejeitado, mas muda constantemente sua rotina pensando que ele é o candidato perfeito. ”
A posição de Linda é bastante pertinente neste momento do controverso cancelamento, iniciado por um jornalista do NY, pois o fato dela se manifestar traz uma luz uma opinião de uma mulher, como lugar de fala, e filha do criador que acompanhou de perto a construção de um dos personagens adorados dos desenhos clássicos de Looney Tunes.
